As fortes chuvas que caem desde domingo na província de Malanje provocaram uma inundação nos dois sistemas de geração de electricidade em funcionamento no Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, suspendendo a produção na maior barragem de Angola.
Asituação levou a um corte no fornecimento de electricidade a várias províncias do norte de Angola, incluindo Luanda, durante várias horas, até à tarde de hoje.
De acordo com informação divulgada pela administração daquele aproveitamento hidroeléctrico, tratou-se de um volume de precipitação “anormal”.
Uma das máquinas de geração de electricidade foi entretanto colocada em produção, mas a segunda só voltará a funcionar a 1 de Novembro, após a realização de novos testes.
Aquela barragem foi inaugurada a 4 de Agosto, pelo então Presidente, José Eduardo dos Santos, que colocou em funcionamento o primeiro grupo gerador, debitando na rede nacional os primeiros 334 MegaWatts (MW) de electricidade.
Trata-se de uma obra que arrancou em 2012, a cargo da construtora brasileira Odebrecht, e que em Setembro contou com a entrada em funcionamento do segundo grupo gerador, elevando a produção debitada na rede, provisoriamente, a cerca de 500 MW.
Considerada a maior obra de engenharia civil de sempre em Angola, e a segunda maior barragem em África, servirá para abastecer oito milhões de pessoas, chegando em 2018 às províncias do centro do país, como o Huambo e Bié.
Foi encomendada pelo Estado angolano por 4,3 mil milhões de dólares (3,6 mil milhões de euros), envolvendo financiamento da linha de crédito do Brasil e movimentou, nas várias fases, cerca de 13.000 trabalhadores.
Entre Março e meados de Julho que o enchimento em Laúca condicionou a operação nas restantes barragens do rio Kwanza, devido ao reduzido caudal, limitando o fornecimento de electricidade da rede pública a Luanda, por norma, a poucas horas por dia.
Com um volume de água de albufeira de mais de 2.500 milhões de metros cúbicos, o enchimento da barragem de Laúca só terminará em 2018, com a elevação até à quota 850, completando o reservatório na sua totalidade.
Nessa altura estarão em funcionamento as seis turbinas que estão instaladas, totalizando 2.070 MW de electricidade, mais do dobro da capacidade das duas barragens – Cambambe (960 MW) e Capanda (520 MW) – já em funcionamento no rio Kwanza.
Em Setembro Luanda registou durante vários dias cortes gerais de energia eléctrica. Tudo devido, segundo informações oficiais, ao processo de sincronização da primeira máquina da central hidroeléctrica de Laúca às das barragens de Cambambe e Capanda.
Os motivos dessas restrições foram explicados no dia 19 de Setembro pelo administrador para a Região de Luanda e zona norte da Empresa Nacional de Distribuição Eléctrica (ENDE), Hélder Adão. Segundo o responsável, a inauguração da central hidroeléctrica de Laúca era recente e decorria ainda a fase de ajustamento de parâmetros da nova máquina com as já existentes das outras barragens.
“Nestes últimos tempos fomos sim registando alguns cortes gerais”, admitiu Hélder Adão, realçando que era uma situação “previsível, e nada de anormal”.
“Depois de se ajustarem as máquinas, afinar-se os parâmeros certos, para operação em sincronismo com as outras máquinas, fica assegurada a estabilidade do sistema”, disse.
No dia 2 de Abril foi notícia que os empresários de Luanda começavam a desesperar com os custos acrescidos com combustível para os geradores, de dezenas de euros por dia, necessário para manter o negócio a funcionar, face às poucas horas diárias de electricidade da rede pública.
A situação registava-se há mais de um mês devido, neste caso segundo a justificação oficial, ao enchimento da albufeira da barragem de Laúca, que particularmente no centro de Luanda era garantida apenas, em regra, entre as 18 e as 24 horas, obrigando os pequenos empresários e comerciantes a encontrarem alternativas.
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