A UNITA, maior partido da oposição angolana, anunciou hoje que está a enfrentar dificuldades para levantar a verba atribuída pelo Estado para a campanha às eleições gerais de 23 de agosto, por falta de liquidez do banco.
O anúncio foi avançado à imprensa pela administradora eleitoral do partido, Albertina Ngolo, no final do encontro promovido hoje pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), para apelar à boa gestão dos 1,4 milhões de kwanzas (7,3 milhões de euros) disponibilizados pelo Governo para o pleito eleitoral.
Albertina Ngolo, que considerou ínfimo o valor disponibilizado, salientando que o orçamento feito pelo partido rondou os cinco mil milhões de kwanzas (26,4 milhões de euros), disse que a UNITA, à semelhança das restantes formações políticas concorrentes, está a "encontrar diariamente dificuldades para fazer uso desses recursos que já foram disponibilizados".
"O BPC [banco estatal encarregue de disponibilizar a verba] está em reestruturação financeira e não tem tido liquidez para responder à demanda dos concorrentes, estamos a ter fortes dificuldades", disse.
A dirigente política da UNITA manifestou receio que até às eleições, sobretudo no período da campanha eleitoral, de 48 dias, que o banco não consiga liberar todo o dinheiro se continuar a entregar por dia dois milhões de kwanzas (10.561 euros).
"Estamos a andar com os esforços dos membros e fizemos um apelo aos cidadãos que têm respondido, devemos reconhecer e felicitar os que têm contribuído para a democracia, na conta eleições que a UNITA abriu", disse, informando que foram já arrecadados sete milhões de kwanzas (36.964 euros).
De acordo com Albertina Ngolo, no encontro foi feito um apelo à CNE no sentido de intervir para que a instituição financeira crie um mecanismo especial para responder à demanda, com um período curto para se preparar para as eleições.
Em declarações à imprensa, a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, disse que o órgão eleitoral vai aferir junto das instituições financeiras se é possível, para este caso, que se alterem alguns critérios determinados pelo banco central angolano, para facilitar as operações bancárias dos partidos e coligação concorrentes.
"Há algumas instituições bancárias onde esses valores foram domiciliados, que têm regras internas muito próprias, não são aleatórias, estas políticas de gestão interna dos bancos decorrem de avisos aprovados pelo BNA, que têm critérios que devem ser observados indistintamente para todos clientes, em relação à movimentação das contas bancárias", observou Júlia Ferreira.
Acrescentou que "tratando-se de um financiamento, que visa fins eleitorais e tendo em conta o período que medeia não só a campanha, mas também a data das eleições gerais", a CNE vai questionar a possibilidade de "um pequeno desvio daquilo que são as normas aprovadas".
Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, processo em que concorrem seis formações políticas - MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS, FNLA e APN - contando com 9.317.294 eleitores
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